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WOM Perfil – Alberto Mateos Miranda (Espiral)

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O que me proponho aqui contar, através deste artigo, é uma espécie de viagem ao interior de Espiral, uma banda com 15 anos de existência e composta por cinco homens maduros, com um passado musical e um percurso conhecido, quase em exclusivo por Ceuta. E não o vou fazer de forma jornalística (até porque não sou jornalista), mas de uma forma mais informal e até pessoal. Num momento em que o convívio se encontra tão limitado, proponho que venham até este espaço musical, onde vos vou contar o que sei sobre os Espiral. Podem conferir a biografia aqui. Hoje continuamos com o vocalista, Alberto Mateos Miranda – 57 anos.

Por Rosa Soares

Alberto é o único elemento da banda que não nasceu em Ceuta, mas sim em Cádiz. Mas ser Ceutí é acima de tudo um sentimento, e isso, Alberto tem e é caballa* de alma e coração, desde os 6 anos, idade com que foi para Ceuta.  E é também de alma e coração que se dedica à música, desde muito cedo.

Aos 13 anos quis ir viver com a sua irmã, na sua terra natal, Puente Mayorga, e é quando a descoberta dos Beatles mudou a sua vida radicalmente, trazendo a paixão pela guitarra. O palco chamava-o e com 17 anos, iniciou carreira a solo “cantando sempre que lhe davam um palco e um microfone”. Pouco tempo depois foi convidado para fazer parte do grupo Chopo, que seria a semente de Tharna, um dos grupos históricos de Ceuta dos anos 80. Depois de Tharna, formou os Oro Negro, que apesar de nunca terem actuado ao vivo, gravaram uma maqueta.

Quando o seu pai lhe comprou a primeira guitarra, Alberto não ficou contente. Queria uma acústica bem melhor que a guitarra básica que lhe estava a ser oferecida. O pai disse-lhe: “começa com esta e mostra que a vais saber usar. Se o fizeres, prometo que te compro a acústica que queres”. Alberto provou e o seu pai cumpriu!

Foi um adolescente em busca do caminho para o mundo do rock, que tinha as mesmas ilusões que qualquer outro adolescente, em qualquer parte do mundo. Quis, com a sua banda Tharna entrar no panorama musical espanhol, mas o Estreito de Gibraltar sempre se apresentou como um muro intransponível. Oriundo de famílias humildes, não era possível suportar os custos de uma promoção a nível nacional. Tal como agora, tudo sempre girou em torno de uma palavra: Dinheiro!

Alberto é daqueles casos que esteve muito perto da fama e do sucesso, mas que a ganância e a desonestidade de quem usa os sonhos dos jovens, impediu que acontecesse. “Tharna” poderia ter sido uma história de sucesso… ficou por ser a história interrompida de uma banda, que gravou um LP que ficará para sempre na história do rock espanhol. Estar afastado dos palcos, não é necessariamente estar afastado da música, e Alberto sempre se manteve musicalmente activo, compondo para si e para os outros, escrevendo, estudando e ensinando, apesar de os palcos estarem ausentes durante cerca de 30 anos.

Professor de Música do ensino secundário em Ceuta, divorciado e pai de dois filhos, foi com muita dedicação que superou todos os esforços de conseguir conciliar a vida de estudante com a vida de rockstar. E aqui terei de dizer que, se por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, no caso de Alberto, essa mulher chama-se Milagros e é a sua mãe, o seu apoio incondicional.

Com um gosto musical muito ecléctico, é impossível enumerar as suas influências musicais, que vão desde o Country ao Heavy Metal, passando pelo Flamengo e, para surpresa de todos nós, o nosso Fado. Para além dos Beatles, podemos encontrar na sua discografia Iron Maiden, Whitesnake, Gary Moore, Queen, Scorpions, Dio, Deep Purple, Led Zeppelin, Eagles, Lynyrd Skynyrd, Pink Floyd, Triana, Asfalto, Topo, Elton John, Stevie Wonder, Cat Stevens e muitos outros, dos mais variados estilos e vertentes.

Simpático, empático e lunático, tem o dom da escrita, o que utiliza de forma magnífica na escrita de canções. Esse dom levou-o a escrever o livro “Los Sueños Perdidos”, editado em 2018 e onde conta a história da sua banda, Tharna. De leitura cativante, para além da banda, ficamos a conhecer um pouco melhor este homem que traz, no olhar, toda a esperança do mundo.

No palco, a sua figura esbelta e enérgica cativa e transmite paixão a quem assiste aos seus concertos. É impossível não ser cativado pelo seu olhar onde se vêem sonhos e doçura e pelo seu sorriso que tem algo de traquinas.  Apesar de nunca ter criado uma imagem propositada, a verdade é que desde sempre encheu o palco com a sua autenticidade e “teatralização” espontânea – e assim é também nos ensaios, que são autênticos mini-concertos. Curiosamente, nunca se considerou um bom cantor e muito menos “estrela de rock” – de certeza que os seus fãs pensam de maneira bem diferente – mas gosta do risco e considera-se valente o suficiente para 30 anos depois, voltar a ser frontman de uma banda, o que assume com toda a dignidade, rejeitando o título de líder. Talvez porque um dos seus defeitos é ser despistado acabando por não prestar atenção a coisas importantes.

Com a sua sinceridade, disse-me: “Na verdade, não esperava que com esta nova Espiral, a coisa corresse tão bem! Eu só queria cantar com eles, fazer alguns concertos em Ceuta, gravar algo para guardar e… pouco mais. Quando vejo que Espiral que toca fora do nosso meio local, até fora de Espanha, não tenho outro remédio que não seja sentir uma enorme satisfação. Eu, nesta altura da vida, não ambiciono muito, apenas divertir-me. Há um ano éramos uma banda emergente a nível local e agora, parece que cruzámos o Estreito. Tudo é muito satisfatório e esperamos continuar a disfrutar deste momento.”

Para além da música, Alberto gosta de passear com o seu cão, de tertúlias com pessoas interessantes, de uma boa cerveja, concertos, de ajudar os outros e de ler.

Alberto diz que ficaria feliz se na sua biografia se dissesse a verdade. Se eu a escrevesse diria que “uma vez, em Ceuta, houve um rapaz que sonhou! Esse rapaz é agora um homem, chama-se Alberto Mateos Miranda e traz os sonhos todos guardados no olhar.”

*Caballa é o nome que se dá aos naturais de Ceuta. O nome tem origem na abundância de cavalas (caballas), peixe que abunda nas águas que banham Ceuta e que faz parte da sua gastronomia.


ESP

Lo que propongo contar aquí, a través de este artículo, es una especie de viaje al interior de Espiral, una banda con 15 años de existencia y compuesta por cinco hombres maduros, con un pasado musical y una trayectoria conocida, casi exclusivamente por Ceuta. Y no lo voy a hacer de forma periodística (porque no soy periodista), sino de forma más informal y hasta personal. En un momento en el que socializar es tan limitado, te propongo que vengas a este espacio musical, donde te contaré lo que sé sobre Espiral. Puedes ver la biografía aquí. Hoy continuamo con su vocalista, Alberto Mateos Miranda – 57 años.

Alberto es el único integrante de la banda que no nació en Ceuta, sino en Cádiz. Pero ser Ceutí es ante todo un sentimiento, y eso, Alberto tiene y es un caballa* de alma y corazón, desde los 6 años, edad en la que se fue a Ceuta. Y es también con alma y corazón que se dedica a la música, desde muy joven.

A los 13 años quiso irse a vivir con su hermana, en su tierra natal, Puente Mayorga, y fue entonces cuando el descubrimiento de los Beatles cambió radicalmente su vida, trayendo su pasión por la guitarra. El escenario lo llamó y con 17 años, inició una carrera en solitario “cantando cada vez que le dieron un escenario y un micrófono”. Poco tiempo después, fue invitado a formar parte del grupo Chopo, que sería el germen de Tharna, uno de los grupos históricos de Ceuta de los años 80. Después de Tharna, formó el Oro Negro, que, a pesar de no haber actuado nunca en directo, grabó una maqueta.

Cuando su padre le compró el primer guitarra, Alberto no estaba contento. Quería una acústica mucho mejor que la guitarra básica que se ofrecía. Su padre le dijo: “empieza por esta y demuestra que sabrás usarla. Si lo haces, te prometo comprarte la acústica que quieres.” Alberto lo probó y su padre lo hizo!

Fue un adolescente que buscaba un camino hacia el mundo del rock, que tenía las mismas ilusiones que cualquier otro adolescente, en cualquier parte del mundo. Quería, con su banda Tharna, entrar en el panorama musical español, pero el Estrecho de Gibraltar siempre se ha presentado como un muro infranqueable. Procedentes de familias humildes, no fue posible asumir los costos de una promoción a nivel nacional. Como ahora, todo siempre ha sido una palabra: Dinero!

Alberto es uno de esos casos que estuvo muy cerca de la fama y el éxito, pero que la codicia y la deshonestidad de quienes usan los sueños de los jóvenes, impidieron que sucediera. Tharna pudo haber sido una historia de éxito … quedó por ser la historia interrumpida de una banda, que grabó un LP que quedará para siempre en la historia del rock español.

Estar lejos del escenario no es necesariamente estar alejado de la música, y Alberto siempre se ha mantenido activo musicalmente, componiendo para sí mismo y para otros, escribiendo, estudiando y enseñando, aunque de los escenarios lleva unos 30 años de ausencia.

Profesor de música en Ceuta, divorciado y padre de dos hijos, fue con gran dedicación que superó todos los esfuerzos por conciliar la vida estudiantil con la vida de estrella de rock. Y aquí tendré que decir que si detrás de un gran hombre siempre hay una gran mujer, en el caso de Alberto, esa mujer se llama Milagros y es su madre, su apoyo incondicional.

Con un gusto musical muy ecléctico, es imposible enumerar sus influencias musicales, que van desde el Country hasta el Heavy Metal, pasando por Flamenco y, para sorpresa de todos, nuestro Fado. Además de los Beatles, podemos encontrar en su discografía Iron Maiden, Whitesnake, Gary Moore, Queen, Scorpions, Dio, Deep Purple, Led Zeppelin, Eagles, Lynyrd Skynyrd, Pink Floyd, Triana, Asfalto, Topo, Elton John, Stevie Wonder, Cat Stevens y muchos otros, de los más variados estilos.

Simpático, empático y lunático, tiene el don de la escritura, que utiliza magníficamente en la composición de canciones. Este don lo llevó a escribir el libro “Los Sueños Perdidos”, publicado en 2018 y donde cuenta la historia de su banda, Tharna. De lectura cautivadora, además de la banda, conocemos un poco mejor a este hombre que trae, a sus ojos, toda la esperanza del mundo.

En el escenario, su figura esbelta y enérgica cautiva y transmite pasión a quienes asisten a sus conciertos. Es imposible no dejarse cautivar por su mirada donde se ven sueños y dulzuras y por su sonrisa desafiante. A pesar de no haber creado nunca una imagen intencionada, lo cierto es que siempre ha llenado el escenario con su autenticidad y “teatralización” espontánea, y lo mismo ocurre con los ensayos, que son auténticos mini-conciertos. Curiosamente, nunca se consideró un buen cantante y mucho menos una “estrella de rock” – ciertamente sus fans piensan de manera muy diferente – pero le gusta el riesgo y se considera lo suficientemente valiente para 30 años después, volver a ser “frontman” de una banda, que asume con toda dignidad, rechazando el título de líder. Quizás porque uno de sus defectos es no prestar atención a cosas importantes.

Con su sinceridad, me dijo: “La verdad, no me esperaba que con este nuevo Espiral, la cosa fuera tan bien. Yo solo quería, cantar con ellos, hacer algunos conciertos en Ceuta, grabar algo para tenerlo y…poco más. Cuando veo que Espiral suena fuera de nuestro ámbito local, incluso fuera de España, no tengo más remedio que sentir una enorme satisfacción. Yo, a estas alturas de vida, no aspiro a mucho, solo divertirme. Hace un año éramos una banda emergente a nivel local y ahora, parece que cruzado el Estrecho. Todo es muy satisfatorio y esperemos seguir disfrutando de este momento.”

Además de la música, a Alberto le gusta pasear a su perro, reunirse con gente interesante, tomar una buena cerveza, conciertos, ayudar a los demás y leer.

Alberto dice que estaría feliz si en su biografía se contara la verdad. Si lo escribiera yo, diría que “Una vez, en Ceuta, había un chico que soñaba! Ese chico ahora es un hombre, se llama Alberto Mateos Miranda y trae los sueños todos en su mirada ”.

* Caballa es el nombre que reciben los ceutíes. El nombre tiene su origen en la abundancia de caballas (caballas), pescado que abunda en las aguas que bañan Ceuta y que forma parte de su gastronomía.


 

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