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WOM Report Attick Demons, Enchantya @ Cine Incrível – Alma Danada, Almada – 09.10.2020

Foi com uma enorme honra que aceitámos o convite dos Attick Demons para estarmos presentes na apresentação do seu mais recente trabalho, “Daytime Stories… Nightime Tales” – que foi um dos nossos álbuns escolhidos para integrar os melhores do mês (ler aqui). Para tornar a noite ainda mais especial, tivemos a primeira parte assegurada pelos Enchantya. Tal como esperávamos, encontrámos um Cine Incrível muito bem organizado, com a preocupação de todas as regras impostas pela DGS fossem cumpridas de forma a que se tivesse direito a assistir a um concerto no ambiente mais seguro possível, uma tarefa que poderá parecer mais simples do que realmente é.

Depois de algumas músicas de Van Halen, começou a ouvir-se a intro “Turn Of The Wheel” onde surgiu Rute Fevereiro com máscara e a contracenar com Miguel Soromenho Pereira, sendo positivo verificar que nem este tipo de concerto atípico não altera a componente teatral da banda. Como a projecção atrás da banda demonstrava, o foco das atenções seria “On Light And Wrath” e o primeiro tema a ser interpretado foi mesmo a “Last Moon Of March” seguindo o alinhamento do álbum com “The Begenning” e “The Poet’s Tear”, um dos (muitos) momentos altos do trabalho. A alegria da banda em estar em cima do palco era visível, algo que contagiou o público – em conjunto com a sua música claro – algo que a própria Rute referiu numa das primeiras abordagens ao público.

Rute também referiu, na introdução a “Mother Hope” a forma como estes tempos difíceis, não só para a nossa cena em particular mas para toda uma indústria também e referiu a iniciativa da União Audiovisual, à qual o evento daquela noite se tinha aliado para recolher alimentos para ajudar aqueles que bem precisam para fazer face à actual crise. A união, apesar de muitos que tentam apelar à discórdia, é aquilo que permite dar esperança para continuar a ter fé e coragem para chegar a dias melhores. Uma mensagem que mais que nunca faz tanto sentido como agora. “From The Ashes”, o último tema do álbum, foi também o último tema da boa actuação dos Enchantya que, apesar de se moverem num género bastante diferente dos senhores da noite, foram muito bem recebidos pelo público, demonstrando o tal espírito de união que mais que nunca é importante estar presente nos nossos corações e sobretudo nas nossas acções.

Enquanto decorria a mudança de palco, para preparar a vinda dos Attick Demons, Clara Carvalho subiu ao palco para agradecer a presença de todos (agradecimentos aliás que foram repetidos diversas vezes ao longo da noite) e também informar que a à meia-noite as portas estariam fechadas assim como à uma a sala teria de estar completamente vazia, partilhando as dificuldades actuais que advém por vezes dos sítios mais inesperados – principalmente de quem supostamente está no mesmo barco. Informou também da iniciativa lançada no dia anterior “AoVivoOuMorto” que vai ter lugar no próximo dia 17 de Outubro, em Lisboa, no Porto, em Viseu e em Évora, convidando tudos a unir-se à fila que se quer enorme para que se levem a sério as dificuldades vividas por todo este sector.

 

Chegada a hora dos Attick Demons, as expectativas ficaram altas quando o projector começa a passar uma sucessão de imagens relativas à temática do álbum que se festejava o lançamento naquela noite. Um vídeo eficaz que fez com que as expectativas fossem correspondidas com o trio inicial de temas que abrem “Daytime Stories… Nightime Tales” – “Contract”, “Make Your Choice” e “Renegade” (com um grande solo de Dário, sendo este, alías, um departamento onde foi um autêntico luxo durante toda a noite), ficando evidente logo desde início duas coisas: o poder destes novos temas ao vivo e a confiança que a banda tem neles. Tendo em conta que o álbum seria tocado todo na íntegra (embora com ordem diferente), a confiança é total. Justificada, acrescente-se.

Na primeira vez que se dirigiu ao público, Artur Almeida referiu que era uma noite muito especial e que a banda tinha uma surpresa guardada para o público. Antes da mesma, tocaram mais duas do novo, “Headbanger” e “Hills Of Sadness” (com as imagens do recém lançado lyric video a serem projectadas) até enveredarem pelo passado recente, com a “Dark Angel” do anterior trabalho “Let’s Raise Hell”, com Liliana Silva dos Inner Blast, que também cantou no tema original. Liliana começou por fazer uma performance de dança na intro do tema e depois cantar ao lado de Artur. Não sendo a primeira vez que se juntam em palco, o impacto é sempre grande.

Após “Devil’s Crossroad” (mais um tema do novo trabalho), Artur anuncia que estava na altura da grande surpresa. Começou por referir que uma certa pessoa tinha tirado férias desde Agosto de 2019 mas que agora era o momento de voltar. Pediu uma salva de palmas para Luís Figueira que surgiu de entre o público, de guitarra em riste, pronta a tocar. O regresso ao sotão, como disse Artur, o regresso a casa. Juntando-se a Dário Antunes e Nuno Martins e deixando novamente a banda com três guitarras, o primeiro tema a ser atacado foi “Ghost”, já um clássico indispensável de qualquer alinhamento. A banda demonstrava-se coesa e o som estava mais forte que nunca, como uma intensa “City Of Golden Gates” a soar especialmente poderosa.

Outro momento alto, desta vez do novo trabalho, foi sem dúvida “O Condestável”. Dário começou com um bandolim e a sonoridade mais folk assenta como uma luva no elemento épico que já parte integrante da banda portugesa. Depois de finalizar o stock de temas do álbum novo com “The Revenge Of The Sailor King” e “Running”, o final da noite seria com chave de ouro com o tema-título do “Let’s Raise Hell” (com direito a homenagem a Eddie Van Halen) e “Atlantis”, uma sequência imbatível mas que nos deixou com vontade de ficarmos por ali muito mais tempo. A fome por música ao vivo também tem a qua quota parte de responsabilidade por este sentimento, seja por parte do público como da própria banda.

Apesar de toda a incerteza, ficou um sorriso no rosto de todos os fãs dos Attick Demons, pelas novas possibilidades que se abrem com o regresso de Luís Figueira à banda e com o reforçar de uma das grandes bandas de heavy metal do nosso país. Não sabemos como será o dia de amanhã, mas sabemos que, um dia de cada vez, todos unidos e da forma como pudermos e nos for permitido, será certamente algo que nos trará mais noites como esta. Uma noite onde a música pesada foi celebrada, mesmo que esta seja uma altura em que não se sinta, na maior parte das vezes, que se tenha muito para celebrar. É esse o poder da música, o poder que nos permite continuar o nosso caminho, por muito difíceis que esteja a situação, e a sonhar (e lutar) por dias melhores.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Attick Demons & Cine Íncrível Alma Danada


 

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